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Fundacentro completa 50 anos trazendo informações em prol da qualidade do trabalho

Descrição da imagem: Clemente Aparício Espaço da Cidadania junto com outros congressistas na mesa diretora. Em pauta no momento PCDs e prevenção de acidentes de trabalho. Fim da descrição. Publicado: 08-9-16
Texto: Regina Ramalho
Fotos: Edi Sousa Studio Artes
Fonte: Fundacentro e Espaço da Cidadania
 
Maior centro de estudos da América Latina em produção cientifica para prevenção de acidentes e saúde no trabalho a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) em São Paulo comemora 50 anos. Entre as atividades gratuitas que estão sendo realizadas por todo país ocorreu em agosto : IV Congresso Internacional de Ciência do Trabalho e Meio Ambiente, Direito e Saúde: acidentes, adoecimentos e sofrimentos no mundo do trabalho. 
Os cinco dias de evento reuniu pesquisadores, advogados, jornalistas, sindicalistas, estudantes e empresários de todo o país. 
 
Seguridade Social é ameaçada
 
Entre as problemáticas abordadas logo na abertura foi discutida a “ameaça às conquistas de seguridade social”. Entre os novos problemas e riscos no campo do trabalho o destaque foi para as terceirizações e migrações desordenadas que ameaçam direitos, conquistas, saúde e a qualidade do ambiente de trabalho. 
 
Além do não cumprimento da legislação em Segurança e Saúde no Trabalho (SST), também foi ressaltado de que maneira a automatização e mecanização do trabalho esta afetando não só a forma de trabalho industrial como também o agronegócio, inclusive extinguindo algumas funções. 
 
Participantes destacaram a necessidade internacionalizar as discussões sobre tudo que está acontecendo no Brasil, uma vez que as problemáticas e suas consequências afetam todo o planeta. Em pleno século 21 o mundo ainda realiza exploração do trabalho infantil, assassinatos de dirigentes sindicais, jornadas de 12 a 14 horas sem falar nas catástrofes ambientais e humanas. Uma total inversão e desrespeito às Convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT). 
 
A tecnologia que poderia estar sendo utilizada para a melhora dos processos de trabalho e qualidade de vida do trabalhador, com a redução da jornada de trabalho, segue apenas  aumentando a fila de desempregados por todo país e a precarização das atividades em todos os setores. Juros altos e má distribuição de renda também estiveram presentes durante os cindo dias do encontro. 

Cantada não é elogio! 
 
Trazia um informativo produzido pela Fundacentro distribuído junto com a programação do evento e muito embora não fosse a temática principal proposta para as mesas programadas as questões de desigualdade em razão dos gêneros não estivesse originalmente presentes. 
 
O assedio sexual e moral foram muito presentes em todos os dias e a pressão para o cumprimento de metas, por exemplo, causando danos físicos como os das operadoras de Telemarketing que sofrem frequentemente de doenças urinária por serem obrigadas a irem ao banheiro com hora marcada até mesmo os danos mentais que provocam casos de depressão profunda e até mesmo suicídios. 
 

Lei de Cotas
 
Clemente Aparício, do Espaço da Cidadania, aproveitou para denunciar o não cumprimento da Lei de Cotas, mesmos passados 25 anos em razão da falta de fiscalização e aponta as três das principais desculpas para não contratar pessoas com deficiênciaDescrição da Imagem: Auditório lotado. Fim da Descrição utilizadas por empregadores: Falta mão de obra, falta capacitação e escolaridade e riscos. 
 
Para o Clemente essas afirmações são só mitos e desculpas para não contratar profissionais com deficiência. Além disso, o sindicalista metalúrgico Clemente também fala do descaso por falta de fiscalização que colabora para o aumento dos acidentes de trabalho e apresenta números (Assista o bate papo completo no Momento Pró Trabalhador TV).

Invisibilidade do mundo do trabalho na mídia
 
O monopólio histórico de famílias no comando da comunicação Brasileira, o descaso em tratar de temas que envolvem a saúde e segurança do trabalhador e a permanecia do conceito que: “Trabalhador não é notícia”. Foram abordagens levantadas e colocadas, lado a lado, com a própria atuação, enfraquecimento e criminalização dos movimentos sindicais, por pesquisadores e participantes do congresso. 
 
Entre as condições de trabalho dos jornalistas foi diagnosticado o fato de os jornalistas mais engajados e comprometidos com a informação bem apurada e de qualidade estarem envelhecendo e aposentando. Enquanto suas antigas posições são ocupadas por uma geração “Midiática” que está mais preocupada em ganhar dinheiro e atrair a atenção para ‘si próprio’ do que com difusão de informações que possam contribuir para o crescimento do país. 
 
Condições do trabalho dos jornalistas
 
A integração do jornalismo tradicional às redes sociais e ao trabalho em casa prejudicam o trabalho de apuração, enxugam as redações, desvalorizam a capacitação e provocam demissões em massa. Nas redações sobreviventes o profissional tem que lidar com jornadas pesadas (fora da regulamentação sindical), assédio sexual e moral, sem falar nos baixos salários e as contratações com obrigação de emissão de nota e abertura de empresa.
 
O contrassenso desta realidade é que profissionais de jornalismo da poucas redações que ainda existem, heroicamente apresentam ‘brilho nos olhos’ e engajamento por acreditarem estar defendendo a democracia e contribuindo para a melhora da humanidade. Desprezando todos os riscos que correm nas ruas, todo sofrimento pelas horas exaustivas de trabalho e afastamento da família (Assista o bate papo com a mestre e jornalista Cristiane Reimberg sobre mudança e ameaças ao jornalismo no Momento Pró Trabalhador TV).                                                                                                                                                                      
                      
O futuro do trabalho no Brasil?
 
O serviço de transporte mais discutido em 2016 o “Uber” também apontou no debate como exemplo de desregulamentação das regras vigentes. Afinal quem regulamenta a atividade deste trabalhador?  Um site? Foi a pergunta deixada para a reflexão dos congressistas. 
 
As Olímpiadas sem que haja uma política publica para investir na saúde através do esporte também foi colocada como uma questão que ainda deve continuar em pauta por muito tempo até que alcancemos um cenário adequado.      
 
Dados dos pesquisadores e lideranças que participaram dos debates por toda a semana apontaram o retorno do trabalho em pequenas oficinas domésticas, a má remuneração da indústria eletrônica e migração da produção de confecções para continentes como a Ásia e África.     
 
Há esperança para nosso país?
 
Segundo relatos de experiências realizadas pelo Neurocientista Miguel Nicolelis. Há sim! O pesquisador fechou o congresso com ‘chave de ouro’ apresentando os resultados de seu trabalho junto à comunidade de Macaíba, RN. No local foi montado o Instituto Internacional de Neurociências Lily e Edmond Safra, com laboratórios e profissionais de primeira linha que usam a ciência como agente de transformação social e tornam as pessoas protagonistas de sua própria história. 
 
O Instituto é uma semente dos trabalhos iniciados na Associação Santos Dumont para Apoio à Pesquisa (AASDAP). Que incentiva e capacita, jovens para o que o pesquisador afirma: “Fazer história, fazendo algo que ninguém jamais fez”, Nicolelis. 
 
Entre os projetos do pesquisador Nicolelis, o principal objetivo do Projeto “Andar de Novo” (FINEP – Convênio nº: 673487, 0460/12) é demonstrar o potencial das interfaces cérebro-máquina para uso clínico em reabilitação motora de pessoas com paralisia causada por danos neurológicos. Foi um dos destaques da explanação, pois graças às pesquisas pessoas com paralisia passaram a voltar ter sensibilidade em partes do corpo onde não apresentavam antes, produzindo uma esperança pra quem perdeu os movimentos. (Assista ao bate papo com a médica e pesquisadora da Funda centro, Drª Maria Maeno, fazendo um balanço dos pontos altos debatidos no evento. Entre eles a questão das jornadas de trabalho abusivas, os risco para a saúde como por exemplo as mulheres que trabalham em Call Center, no Momento Pró Trabalhador TV). 
 
Quem deseja participar de outros encontros ou obter outras informações pode acessar o portal da Fundacentro e contribuir para a implantação e difusão de conhecimentos sobre saúde, segurança e meio ambiente. Promovendo assim gestões que contribua para o desenvolvimento sustentável, com crescimento econômico, promoção da equidade social e proteção do meio ambiente. No portal da Fundacentro e na editoria Agenda do Pró Trabalhador. Você sempre encontra programações da área inclusive as gratuitas.