Realização x Felicidade
No artigo de hoje o professor Wanderley Rodrigues Junior, especialista em empreendedorismo afirma: “Não fique apegado somente ao tempo e aos índices que devem ser alcançados dentro de prazos em seu empreendimento. Ser empreendedor e saber empreender é muito mais e além do que se pode conter entre quatro paredes”.
Publicado: 17/09/15
Colunista: Wanderley Rodrigues Junior, bacharel em Letras, Tradutor e Intérprete, coordenou a Academia de Microfinanças do Banco São Paulo Confia, realizou cerca de 27 mil capacitações em empreendedorismo, microfinanças e marketing pessoal. Atualmente realiza palestras sobre empreendedorismo e marketing pessoal e ministra Língua Portuguesa para candidatos a concursos públicos.
Foto: Edi Souza e Nalva Lima
Nem sempre uma pessoa feliz tem todos os seus sonhos realizados e nem sempre ter a realização de um sonho pode trazer uma felicidade plena, portanto, não se entusiasme em excesso para que não se ganhe, lá na frente, uma caixa de frustração.
Posso ser feliz com tão pouco? Sim! Muitas vezes estar ao lado dos filhos simplesmente, levá-los ao parque para jogar uma bola, vê-los com saúde, crescerem e tornarem-se adultos responsáveis e exímios cidadãos com valores de bem já é o suficiente para que a sensação de dever cumprido e de felicidade encha o coração e apazigúe a alma.
Posso fazer de cada dia uma luta diária para que haja o alcance o mais breve possível da realização de um sonho e, no entanto, após passar o êxtase desta realização voltar a um sentimento de vazio, de ainda estar faltando alguma coisa. Por exemplo, a aquisição de um carro zero. Comprei, finalmente consegui, mas e agora? O que vem depois? O sonho foi realizado e tudo se acaba? O meu tempo simplesmente para? A roda da vida deve continuar!
Então a grande pergunta é “o que eu quero para a minha vida?” Realizações a curto prazo nos remetem a uma desvalorização do nosso próprio tempo. Tempo esse que deveria ser melhor aproveitado não só para simples e corriqueiras realizações, mas para se viver plenamente.
Sim, as conquistas devem ser engendradas também como complemento de nossa busca por realizações e sensações de satisfação, mas o que quero realmente dizer é que nós não devemos nos enganar com a falsa sensação de realização dita plena com aquisições materialistas e imediatistas.
Procure em seus planos e projetos aquelas ações que perpetuariam a sua satisfação pessoal, que lhe trariam a felicidade mesmo que a sua vida mudasse da água para o vinho... ou do vinho para a água! O que você fez da sua vida que o tornou uma pessoa completamente realizada? Será que a simples compra de um carro seria o suficiente?
E se eu nunca tiver condições de juntar valores para estas conquistas? Será que eu não poderia fazer nada que não houvesse injeção de recursos?
Ouvi certa vez que uma pessoa para se sentir realizada deveria ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Metáforas que devem ser interpretadas, analisadas e compreendidas.
Ter um filho é perpetuar o seu ser, dar continuidade de sua existência de certa forma, deixar um legado. Não adianta deixar como herança o seu empreendimento em testamento sem que se tenha feito a diferença.
Uma árvore plantada é a forma de semear ideias, adubar com ações e colher frutos de bons resultados. E que sejam frutos que outros possam ter acesso. Já pensou em fazer uma doação de uma pequenina parte de seu rendimento a uma instituição séria de caridade ou assistencial? Ou uma participação assistencial em orfanatos para contar histórias ou em asilos para conversar com aqueles que foram lá largados à própria sorte? Por que não idosos e órfãos não poderiam ser agraciados com uma sensação de bem-estar, de saber que em algum lugar eles têm um anjo da guarda a quem eles podem retribuir com bons pensamentos e boas vibrações? Eis o plantio da árvore da vida, a ramificação de galhos de bondade e esperança infinitamente sendo ampliados para que se torne em uma copa verde e florida de sorrisos.
O que se faz na vida fica marcado na história da sua existência. Os grandes atos, batalhas e conquistas dos povos antigos foram contados de boca em boca. Eis que escreveram a grande história da humanidade sem a utilização do papel. Sempre dá tempo de começar a escrever a sua história.
Não fique apegado somente ao tempo e aos índices que devem ser alcançados dentro de prazos em seu empreendimento. Ser empreendedor e saber empreender é muito mais e além do que se pode conter entre quatro paredes.
Seja uma pessoa realizada e seja feliz!