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Zumbilândia Corporativa

Essa semana a reflexão proposta pelo professor de empreendedorismo Wanderley Rodrigues Junior é: “Será que seu empreendimento necessita de continuar com uma zumbilândia? Será que o trabalho em sua empresa implica em movimentos que não necessitam de pensamentos novos e participações diretas?” (Confira). 
 
Publicado: 10/09/15
 
Colunista: Wanderley Rodrigues Junior, bacharel em Letras,  Tradutor e Intérprete, coordenou a Academia de Microfinanças do Banco São Paulo Confia, realizou cerca de 27 mil capacitações em empreendedorismo, microfinanças e marketing pessoal. Atualmente realiza palestras sobre empreendedorismo e marketing  pessoal e ministra  Língua Portuguesa para candidatos a concursos públicos.
Foto: Edi Souza e Nalva Lima
 
A situação do empreendimento está estável ou superando mais uma vez as expectativas, propostas de boas e compensadoras parcerias chegam quase todos os dias... Tudo perfeito, não?
 
Wanderley 2016Os números podem estar ótimos, mas e o teor humano de sua empresa como anda? Você já empregou alguns minutos de seu tempo para tentar sentir e avaliar como tem trabalhado o seu colaborador? Não estou dizendo para resgatar as planilhas de produtividade e de qualidade, não. Apenas se você, empreendedor, está atento à humanização de quem está mais próximo a você todos os dias. Mas que processo é esse?
 
Muitas vezes o RH da empresa faz um excelente trabalho de levantamento de dados sobre a satisfação dos colaboradores, exibe os resultados e elabora e expõe cartazes de agradecimento à equipe pela cumplicidade profissional e parceria. No entanto, o clima de insatisfação ainda pode ser sentido no ar a distância. Como pode?!
Se se quer avaliar a satisfação de um funcionário, seu real apreço pela empresa e começar a fazer uma análise do que e em que se pode melhorar, enturme-se, misture-se!
 
Planilhas e números não têm cara, não apresentam expressões faciais. A melhor percepção ainda é o olho no olho. Não adianta comedir situações alegando que a empresa oferece salários acima dos ofertados no mercado, que há muitos benefícios diferenciados na empresa, etc., se o funcionário anda pelos cantos da empresa ou até mesmo este espera chegar em casa para que despeje um caminhão de reclamações e insatisfações diárias de onde trabalha.
 
Pesquisa recentemente levantada por algumas importantes consultorias em RH de São Paulo constataram que 76% dos colaboradores, mesmo com altos salários e ótimos benefícios incorporados, prosseguem insatisfeitos e enfadonhos, tristes com a sua atual situação profissional.
Está se vendo uma crescente origem de uma nova espécie de funcionário: os zumbis. Seres que apenas usam o cérebro para executar aquilo que são ordenados, impedidos de veicular os seus pensamentos e restrição de suas atitudes, devem seguir rigorosamente as normas da empresa, submetidos ao automático registro digital de entrada e saída, cumpridores de prazos e mantedores de um relacionamento íntimo com os seus terminais telefônicos e de computadores.
 
Como esperar uma reação deste tipo de funcionário sem que ele tema “sair fora da linha”? A iniciativa deve vir de cima, dos gestores tomando decisões mais inteligentes e menos automáticas e robotizadas.
Atitudes simples e extremamente econômicas podem ser tomadas: mude o seu ambiente de trabalho, troque mesas de lugar, vá até a copa para tomar o seu cafezinho, combine almoçar com um grupo ou outro de funcionários para que vejam e sintam esta aproximação. Mas vá com calma!
 
Mudanças muito bruscas de comportamento de uma chefia podem causar efeito contrário ao que se espera. A desconfiança pode, de repente, tentar se fazer mais presente e sólida do que a descontração e a tentativa de se querer quebrar o gelo.
 
O processo deve ser natural. Coloque-se no lugar de alguém que esteja em seu primeiro dia de trabalho, tente puxar conversas descontraídas e sem interesse focado, deve-se primar por assuntos aleatórios e sem vínculo com o ambiente de trabalho. É o iniciar de uma página nova de Facebook agregando novos contatos e amigos, só que em uma versão real.
 
E, quando esses novos contatos começarem a trocar informações, é a hora de se perceber onde exatamente estão as dificuldades, as origens que negativam este ambiente, afinal de contas eles começarão a se soltar mais. A partir disso ações devem ser rapidamente tomadas para que a harmonia, a alegria e a motivação profissional voltem a todos e se espalhem de forma contagiante e natural.
 
Será que seu empreendimento necessita de continuar com uma zumbilândia? Será que o trabalho em sua empresa implica em movimentos que não necessitam de pensamentos novos e participações diretas?
 
Lembre-se de que em um campo só haverá muitas flores se houver um terreno fértil e acessível aos raios de um sol caloroso e energético.