A inclusão no mercado de trabalho: quem são os deficientes?
O colunista Vinicius Schaerfer, fala esta semana sobre inclusão no mercado de trabalho e questiona: nas relações profissionais “Quem são os deficientes?”. Serão os trabalhadores ou as empresas? Confira o trabalho de Vinicius, também em áudio e vídeo em Libras no canal do Pró Trabalhador, Youtube e Facebook.
Publicado: 17/6/15
Foto: Edi Sousa e Nalva Lima Studio Artes
Colunista: Vinicius Schaefer fundador da Viva Acessibilidade, Administração Geral e Pós-graduado em LIBRAS, atualmente cursa Licenciatura em Matemática. Trabalhou em banco durante alguns anos no setor administrativo, foi professor de Libras em diversas universidades em São Paulo.
Sabemos que o primeiro emprego para um jovem sem experiência e muito difícil, ao mesmo tempo as empresas dão a oportunidade ao jovem aprendiz, dificultam exigindo a experiência anterior. Para o surdo a dificuldade é ainda maior, sobretudo pela falta da comunicação oral.
Comigo não foi diferente e aos dezessete anos iniciei em uma empresa de publicidade próxima de minha casa, permaneci alguns meses, estudava pela manhã e à tarde ia para o escritório, recebia um ajuda de custo e lá também pude vivenciar o preconceito e a pouca vontade das pessoas em ensinar o serviço, comecei a ver que as coisas para mim não seriam tão fáceis assim e também teria que conviver com o descaso de algumas pessoas que ainda acham que ser deficiente é ser “coitadinho” esquecem que todos têm condições de igualdade e direitos.
Hoje o mercado de trabalho está mais acessível, devido à lei das cotas, porém falta tolerância e conhecimento por parte das pessoas sobre as diferenças.
Meu segundo emprego foi na área da saúde, como digitador, já estava na faculdade e assim conseguia pagar os meus estudos, com a bolsa parcial da faculdade.
Nesta empresa vivi alguns constrangimentos, não me davam atenção e não me deixavam a par dos acontecimentos, fiquei muito triste por algumas vezes e conclui que o melhor era sair em busca de outra empresa.
Antes da minha demissão, eu e a minha mãe fomos conversar com o RH, sobre a política da empresa e seu despreparo com a inclusão, deixando bem claro a minha insatisfação.
Conclui o meu curso superior e trabalhava em uma instituição bancaria de grande porte, com os mesmos problemas das empresas anteriores, onde as pessoas e o RH não estavam preparados para incluir de fato o funcionário com deficiência. Com isso pensei quem são os deficientes?
Nós que temos alguma restrição sensorial ou motora, ou as empresas que não conseguem ver o que é preciso para incluir as pessoas?
Após alguns anos decidi mudar de área. Fiz Pôs– Graduação em Libras e me tornei professor, atualmente curso licenciatura em Matemática.
Utilizei a minha própria experiência como funcionário na questão da discriminação e a falta de comunicação, para tentar mudar a realidade de outras pessoas com deficiência através do ensino da Libras nas empresas, universidades , RH, bancos, instituições, etc. E decidi abrir uma empresa para mostrar que a pessoa com deficiência é capaz e pode alcançar os seus sonhos.
Confira o trabalho de Vinicius, também em áudio e vídeo em Libras no canal do Pró Trabalhador, Youtube e Facebook.
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