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Empresários e sindicato se unem para discutir a valorização do comércio e emprego

 30-09-15 ACSP
Na cidade de São Paulo em lugares por onde circulávamos antes em busca de produtos e serviços, aumentam a olhos vistos o número de estabelecimentos com as portas baixas e as placas escritas: “aluga-se” ou “passa e o ponto”. A equipe de jornalismo do Pró Trabalhador foi a campo conferir e conversar com os empresários para tentar?  entender de que maneira a união dos empreendedores e trabalhadores pode contribuir para a mudança do atual cenário 
 
Publicado: 30/09/15
Texto: Regina Ramalho 
Foto: Edi Sousa Studio Artes. 
Fonte: Assessorias ACSP distrital Centro 
 
 
Esta terça-feira, 29, na Associação Comercial de São Paulo distrital centro, empresários do ramo comercial assistiram a palestra: “Valorização do Trabalho e Emprego” proferida por Ricardo Patah, presidente do Sindicato dos Comerciários de São Paulo. Após a explanação os empresários conversaram com os sindicalistas presentes sobre os possíveis caminhos para a manutenção dos negócios e empregos na cidade de São Paulo. 
 
O vice presidente da Associação Comercial de São Paulo (AC-SP), Roberto Mateus Ordine, abriu a mesa lembrando o surgimento da AC-SP no lago do Café, que tinha como objetivo trocar informações sobre quem eram os bons e os maus pagadores. Lembrou que o órgão é independente, não recebe amparo de órgão nenhum o que possibilita liberdade de expressão.
 
Ordine ressaltou que: “A riqueza da nação é construída pelo trabalhador juntamente com o empreendedor” e ao apresentar o palestrante da noite aos presentes lembrou que Patah representa uma base composta por 600 mil trabalhadores. 
 
A história e as mudanças
 Patah
Fazendo um resgate da história do setor comerciário em São Paulo Patah ressaltou a importância do surgimento dos shoppings na cidade. Segundo o presidente, o Shopping Iguatemi, em Pinheiros foi o primeiro em 1956, e começou a ocupar um espaço onde antes ficavam as lojas de rua:
 
 “O surgimento dos shoppings foram aos poucos tomando o lugar das românticas lojas de ruas, atualmente decadentes”.
 
A busca por caminhos de valorização do comércio e manutenção do emprego
 
Segundo Patah o setor comercial e o movimento sindical, juntos conscientes que o empresário tem que ter lucro e que isso ajuda a trazer empregos, já superam muitas barreiras em 73 anos de existência do Sindicato dos Comerciários.  
 
Lembro que em certa ocasião a prefeitura quis fechar os estacionamentos nos arredores da rua Teodoro Sampaio e graças a mobilização de empreendedores  e sindicalistas conseguiram manter os estacionamentos que facilitam a vida dos clientes durante as compras. 
 
“Outro episódio foi a tentativa da Prefeitura de tentar fechar o comércio na alameda Gabriel Monteiro da Silva e também nos entornos do Pacaembu e graças a união de empresários e sindicalistas o comercio permaneceu”. 
 
Perfil do empresário do comércio em São Paulo 
 
Segundo Patah nota-se em muitos estabelecimentos comerciais uma relação quase familiar. 
 
“Se você entra em uma loja é difícil saber quem é o dono ou quem é o funcionário, a relação é quase familiar, muitas vezes o dono é o padrinho do funcionário ou dos filhos e assim que as relações de trabalho acontecem”. 
 
Deste modo segundo o presidente é sempre muito difícil para um empreendedor do seguimento, ter  que cortar funcionários. 
A busca por melhorias 
 
Durante a fase de debate Patah e os empresários presentes lamentaram o atual estado de abandono de diversos postos comerciais tradicionais da cidade. Tais como: Rua 25 de Março, Brás, Bom Retiro, etc. 
 
A questão da segurança e o fechamento de restaurantes e outras atrações culturais que atraíam os consumidores para esta região também foram alertas constantes pontuados pelos presentes. Empresários e sindicalista reclamaram da falta ou da má atuação da Prefeitura que segundo eles vem prejudicando as relações comerciais.
Antes de acabar a conversa Patah ainda falou sobre a política econômica do País, lojas fechadas, aumento do desemprego e crescimento do trabalho informal; necessidade de ajuste fiscal e diminuição da taxa de juros. Fatores que segundo o presidente contribuem para a falta de competividade nas relações comerciais do exterior. 
 
Como bom sindicalista reivindicou uma conversa sobre: 
 
“Uma alternativa para motivar os trabalhadores é aumentar ou garantir a participação nos lucros”. 
 
E finalizou cobrando ações de melhor distribuição de renda: 
“Um país que não distribui renda está fadado a ser um país do futuro, nunca do presente”. 
 
O diretor superintendente da distrital centro: Luiz Alberto Pereira da Silva, que abrigou o encontro mostrou-se otimista:
 
“Os meses de agosto e setembro mostraram que o caminho é a valorização do comércio”. 
 
Após o encontro a nossa equipe de jornalismo entrevistou dois empresários para entender de que maneira essa e outras ações podem contribuir para a melhoria no setor e quais eram as principais reivindicações dos empresários.
  Alarico
O empresário José Alarico Rebouças, World Brokers, empresa especializada em comércio exterior pontuou:
 
Alarico: É assustador andar no Brás. Perdemos toda a mobilidade urbana, teatro e restaurantes fechados, placas de “aluga-se” por toda parte. Quando o relógio marca 17 horas é possível presenciar uma romaria de pessoas indo embora.
Pró Trabalhador: O que mais prejudicou o comércio exterior?

Alarico: O dólar alto, instabilidade cambial e a falta de confiança no governo. Tudo isso deixou o empresário sem condições de negociar e ainda correndo o risco de comprar produto ruim. 
 Sto
Outro empresário a conversar com nossa equipe foi o lojista da Ótica Foto Roxy, que existe desde de 1951, Marcelo Flora Stockler.  
 
Pró Trabalhador: Qual o fator que mais prejudica e afeta o comércio de rua?
Stockler: Além dos altos juros do crediário, dos impostos e de ter que achatar os preços ao máximo para não ficar com a mercadoria encalhada. Um fator que não foi citado e que me aborrece bastante é o alto custo administrativo que tira o vendedor do foco que é as vendas. 
Pró Trabalhador: De um exemplo?

Stockler: Há 40 anos, chegava na ótica e resolvia todas as questões administrativas até as 8 horas e ia para o balcão vender. Hoje tenho uma contadora e ela passa o dia afogada em tanta burocracia e exigências do governo. É tanto documento pedindo a mesma informação para órgão do governo que não se conversam, mesmo com tanta tecnologia a disposição. Agora vocês imaginem o que não passa o pequeno empreendedor ou o MEI que muitas vezes não possui informação ou formação para administrar tudo isso. Por isso é importante que os sindicatos também participem de trabalho de apuração para verificar porque tem tantas lojas fechando. Temos que dar as mãos para manter o emprego. 
Segundo o que a equipe de jornalismo do Pró Trabalhador apurou o cenário não é muito otimista, mas a experiência histórica mostra que o diálogo e a união entre empresários, sindicalista, governo e trabalhadores podem apontar caminhos significativos de mudança e também de sobrevivência para atual situação do país. 
 
 
Outras informações: 

http://portal.acsp.com.br/index.php
 
http://www.comerciarios.org.br/