De cara limpa e forma organizada acontece a 8ª Marcha da Classe Trabalhadora reunindo 40 mil participantes
O slogan deste ano foi Por mais direitos e qualidade de vida. Na pauta, os trabalhadores reivindicam a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salários, fim do Fator Previdenciário e, entre outros pontos, convidaram a população para juntos lutarem contra o projeto de Lei 4330.
Publicado: 09/04/14
Texto: Regina Ramalho
Fonte: Assessorias CUT, Força Sindical e UGT.
Fotos: Edi Sousa
Nessa manhã, dia 9 de abril, cerca de 40 mil pessoas (número divulgado pela Força Sindical) partiram da 8ª Marcha da Classe Trabalhadora organizada pelas centrais sindicais CGTB, CTB, CUT, Força Sindical, NCST e UGT.
A manifestação partiu da Praça da Sé, marco zero da cidade de São Paulo, subiu a rua Senador Feijó, em direção a avenida Brigadeiro Luís Antônio e se concentrou no vão livre do Masp, na avenida Paulista, cenário histórico das reivindicações dos paulistanos.
Por onde passava, a marcha trazia para as janelas e frentes dos prédios pessoas interessadas na movimentação. Uns acenavam e faziam sinal de positivo, outros batiam fotos e filmavam com celulares.
O vigilante Carlos Eduardo Soares Nascimento, que trabalha na avenida Paulista, decidiu acompanhar os manifestantes de uniforme e tudo. A equipe do Pró Trabalhador conversou com Soares. Estava saindo trabalho e parei para participar, conta ele.
Já presenciei muita manifestação na Paulista, muitas vezes com a perturbação de vândalos que praticam inclusive atos violentos, revela. Essa manifestação é diferente e, por isso, fiz questão de participar. Além de organizada, é pelos nossos direitos, com propostas e sem violência, afirma o vigilante.
O professor Sergio Rodrighero veio direto de Araçoiaba exclusivamente para participar da marcha. Há 20 anos o
governo não atende os professores, reclama ele.
Rodrighero conta a equipe do Pró Trabalhador que 124 mil professores foram aprovados no último concurso público. Desses aprovados poucos foram chamados para as salas de aula, enquanto isso, os poucos professores que estão atuando tem pouca qualidade de vida, estão tendo dificuldades para conseguir a aposentadoria, para pagar as contas, trabalham em duas ou três redes de ensino, são agredidos com frequência por pais e alunos e muitos necessitam constantemente de licença médica em razão das péssimas condições de trabalho, desabafa.
Somente a unidade pode mudar o país-
No caminhão principal, lideranças das centrais sindicais CGTB, CTB, CUT, Força Sindical, NCST e UGT se alternavam em um discurso único, a favor do crescimento do país.
A pauta da 8ª Marcha-
Manutenção da política de valorização do Salário Mínimo;
Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário;
Fim do Fator Previdenciário;
10% do PIB para a Educação;
10% do Orçamento da União pra Saúde;
Reforma Agrária e Agrícola;
Regulamentação da Convenção 151 da OIT (Negociação Coletiva no Setor Público);
Combate à demissão imotivada, com a aprovação da Convenção 158 da OIT;
Igualdade de oportunidades e de salários entre homens e mulheres;
Valorização das aposentadorias;
Redução dos juros e do superávit primário;
Correção e progressividade da tabela do Imposto de Renda (IRPF);
Não ao PL 4.330 da terceirização;
Transporte público de qualidade;
Fim dos leilões do petróleo
Não ao PL 4.330 da terceirização-
Entre as reivindicações o Não ao PL 4.330 da terceirização foi votado com consenso durante a concentração da marcha.
O departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou estudo que revela que o trabalhador terceirizado fica 2,6 anos a menos no emprego, tem uma jornada de três horas a mais semanalmente e ganha 27% a menos. A cada 10 acidentes de trabalho, oito ocorrem entre terceirizados.
Riscos das terceirizações-
No último sábado de março, dia 29, morreu o operário da construção civil, Fabio Hamilton da Cruz, que trabalhava nas arquibancadas provisórias do estádio Arena Corinthians (Itaquerão).
O operário trabalhava pra WDS Construções, empresa terceirizada pela Fast Engenharia que, por sua vez, possui contrato com a Ambev para execução da obra. Começando aí um jogo de empurra sobre quem deveria ser a responsabilidade pela segurança dos funcionários que trabalham nessa construção que abrigará a abertura da Copa do Mundo na cidade.
Segundo os sindicalistas, assim como Cruz, quantos outros trabalhadores serão vítimas das terceirizações e entre outros fatores encontram ainda mais dificuldades de acionar os responsáveis pelas péssimas condições de trabalho.
As assessorias de imprensa das centrais informaram que a marcha foi engrossada por onde passou e mesmo durando cinco horas, não foram registradas brigas, vandalismo ou qualquer incidente.
Você é a favor ou contra o projeto?
Conheçam os nomes, e-mails e partidos dos deputados que votaram a PL 4.330 e enviem para eles sua opinião (confira a lista no link mais abaixo).