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Projeto social qualifica mulheres vítimas de violência doméstica para atuarem no ramo de hotelaria

“Falta de creches e atual modelo educacional impedem mulheres de trabalhar”, denuncia assistente social da Apaf.
 
Texto: Regina Ramalho
Revisão: Claudia Dias
Fotos: (1) Divulgação Apaf e (2) Aniger Comunicação 
 
Do dia 10, até o dia 17 de fevereiro, a Associação Paulista de Apoio à Família (Apaf) está com inscrições abertas para capacitação profissional no segmento de hotelaria. A ONG desde 2007 qualifica mulheres carentes nas funções de camareira, auxiliar de cozinha e de limpeza e também nos cargos de passadeiras e auxiliares de lavanderia.
 
O curso possui certificação e carga horária de 200 horas, o equivalente a dois meses e 10 dias, sendo 4 horas de aulas diárias. Inclui, além da parte teórica, vivências práticas nas redes de hotéis e lavanderias parceiras da Apaf. Após a formatura, as alunas que se destacam são contratadas pelas redes parceiras.
 
Segundo assistente social da Apaf, Sueli Alves Viana, a maior parte das alunas nunca trabalharam com registro em carteira, sem contar as que são vítimas do abandono, depressão e violência doméstica. Por isso, a instituição também oferece atendimento psicológico e jurídico gratuito.
 
Lucilene Mandu de Oliveira, 48 anos, sofria de depressão “Quando voltei dos Estados Unidos para o Brasil com minha família, mesmo falando outro idioma, não conseguia emprego e entrei em depressão, até que uma prima me falou do curso”, conta Lucilene. “Após fazer o curso e receber todo apoio do pessoal da Apaf, consegui um emprego em um hotel e já estou lá ha oito meses e feliz com possibilidades de crescer na carreira”, afirma.
 
Faltam creches e atividades para ocupar as crianças
 
Outra grande dificuldade é o fato de muitas delas não terem com quem deixar seus filhos. “Além da falta de vaga em creches para crianças de 0 a 3 anos, as mulheres gostariam de poder contar com atividades dirigidas no que chamamos de “pós-aula” para deixarem  seus filhos, com idades entre 4 a 16 anos, em segurança enquanto trabalham”, explica Sueli.
 
A jovem mãe Tawane Alexandre Gomes, 18 anos, se formou em 2013. “Fui levada para fazer o curso na Apaf por minha mãe que já tinha feito e trabalha na área há dois anos”, diz. “Estou gostando muito, é uma área muito promissora, mas minha maior dificuldade é ter com quem deixar minha filha de três anos, pois os horários são por escala. Muitas vezes trabalhamos nos finais de semana e feriados e, infelizmente, a creche só funciona de segunda a sexta, das 7h ás 17h, o que me leva a ter que pedir a ajuda do pai ou até de minhas irmãs menores”, reclama Tawane.
 
Para mãe de Tawane, dona Joseline Alexandre Gomes, não é muito diferente. “Além de Tawane, tenho os gêmeos com 13 anos e outro de 12 anos. Eles estudam uma parte do dia, mas depois estão entregues à própria vontade”, desabafa. “Gostaria que na escola existissem outras atividades pós-aula para deixá-los em segurança enquanto trabalho”, reivindica a camareira Joseline.
 
O outro lado
 
Josiane Magalhães é encarregada de governança de uma grande rede de hotéis. “Já trabalho neste ramo faz tempo. A área é muito boa, pois permite que façamos um plano de carreira, mas em razão dos trabalhos em horários diferenciados, finais de semana e feriados, muitas mulheres desistem da vaga, mesmo gostando, por não terem onde deixar seus filhos”, explica.
 
“Eu mesma tenho dois filhos pequenos. Além de ter que pagar por uma creche, ainda tem os gastos com transporte e com uma pessoa para ficar com eles enquanto não chego”, afirma.  
 
 
Inscrições
 
Perfil- Para participar do curso, é necessário ter no mínimo 18 anos, ensino fundamental, estar desempregada há no mínimo quatro meses, não estar recebendo o seguro-desemprego e ter renda per capita familiar de meio salário mínimo.
 
A interessada deve apresentar no ato de inscrição na sede da Apaf -  rua Avanhandava, 485, Centro - das 9h às 15h, cópias do RG, CPF, comprovante de residência e das páginas de identificação e cópia do último registro da Carteira Profissional, caso já tenha trabalhado registrada. 
 
 
    
Como ajudar a Apaf
 
Quer contribuir com a Apaf? No caso de donos de estabelecimentos comerciais é só deixar disponível junto aos caixas, uma urna da Apaf para que seus clientes possam depositar o cupom fiscal.
 
A mesma corrente do bem também pode ser feita em empresas como forma de incentivar os funcionários a contribuir para uma ação social, depositando suas notas pessoais, sem identificar o CPF.
 
Os créditos de ICMS dos cupões serão revertidos em projetos de atendimento à criança e a capacitação de mulheres carentes.
 
Outras informações acesse o site www.apafsp.org.br