Home/ Editorias/ Empreendedorismo/ COMUNICAÇÃO INCLUSIVA

COMUNICAÇÃO INCLUSIVA

Regina

COMUNICAÇÃO INCLUSIVA

 Não espere a Lei fazer você se mexer. Conhecimento sobre Comunicação Inclusiva é uma das maneiras
de se estar à frente do mercado e conquistar novos públicos e clientes para o seu negócio.

Publicado: 22/01/18
Foto: Edi Sousa eNalva Lima - Studio Artes
Colunista: Regina Ramalho, fundadora do Notícia Pró Trabalho, jornalista, jurista, cerimonialista e gestora especializada em comunicação, estratégica e construção de imagens. Consultora comportamental, facilitadora organizacional e VP (Vendedora Profissional), título mais recente, mas do qual muito me orgulho, pois ajudou a manter Notícia Pró Trabalho no ar.

A comunicação inclusiva é um assunto pouco explorado no Brasil. Em 2015 um importante avanço aconteceu em razão LBI (Lei Brasileira de Inclusão). A legislação passa por fase de regulamentação e em breve começam as ações de fiscalizações e punições.

Nossa experiência mostra que os profissionais de comunicação devem ser estimulados a buscar orientações sobre como produzir conteúdos de forma inclusiva, fazendo com que cada vez mais pessoas alcancem e tenham acesso ao direito à informação.

Quando falamos em comunicação: o ideal seria que toda comunicação atendesse ao ‘desenho universal’. Isso é: comunicações com texto, legenda, voz, libras, descrição de imagem...

O tema comunicação inclusiva é bastante abrangente, complexo e ainda há muito que se apreender e desenvolver dentro deste universo “Inclusão”.

Em 2018 traremos alguns artigos como forma de compartilhar informações que possam contribuir para a melhoria da comunicação em seu trabalho ou organização.

Iniciaremos trazendo algumas curiosidades sobre Cultura Surda. A proposta é despertar o interesse e engajamento de outros colegas de comunicação para o assunto.

Os surdos são extremamente visuais, boa parte deles, falam através da Libras (Língua Brasileira de Sinais), segundo idioma oficial no Brasil. Os códigos em libras podem ser soletrados (letra por letra) em uma conversa. Assim:
Amor ou love:

Sinais 

 

Ou ainda quando a palavra é muito utilizada, para facilitar a conversa, ser batizada e ganhar apenas um sinal.
Veja um exemplo logo mais abaixo:
Amor ou love em sinal:

 Sinais 2

 

Libras é uma língua viva, e muda de país para país e assim como o Português também pode apresentar
diferenças regionais. Não sendo um idioma de uso universal, cada país apresenta sua
gramática própria. Por isso, não pode ser considerada gesto. Mas em alguns momentos os
gestos são utilizados para enfatizar algo que o surdo queira comunicar.

Os sinais servem para facilitar a conversa em libras. Que diferente do português, é direta e sem preposições. Exemplo: Posso ir ao banheiro? (Português) em Libras ou português Surdo: Banheiro pode? Ou Banheiro vou?

Só quem pode dar um sinal para um assunto, pessoa e ou instituições é a Comunidade Surda. É o que chamamos ‘batismo surdo’.

Se você não é reconhecido pela comunidade seu nome vai ser apenas soletrado. Se for ser frequentemente utilizado você ou sua empresa é incluída ganhando um sinal.

O meu sinal é um charme no cabelo (uma batidinha do lado direito) o sinal da Notícia Pró Trabalho é a letra C feita com a mão esquerda e a letra O com a direita, entrelaçada em movimento (Lembrando uma engrenagem) e foi dada pelo surdo influenciador digital Vinicius Shaefer.

Uma empresa ou pessoa ganhar um sinal, também é um sinal de reconhecimento e credibilidade. Passei por um reposicionamento da marca, mas a comunidade surda manteve o mesmo sinal da Notícia Pró Trabalho em razão do trabalho desenvolvido em prol da inclusão nos últimos 4 anos de existência.

Uma das principais metas da Notícia para 2018 é conseguir apoio cultural ou uma parceria importante na área de Libra para ajudar nas traduções de todo o conteúdo.

Infelizmente ainda muitos dos assuntos que tratamos, não possuem sinais ou se existem são pouco conhecidos entre a comunidade surda. Exemplo: Política, SST, Empreendedorismo, Educação Financeira... Por isso é fundamental contar com o auxílio de bons intérpretes.

Os intérpretes (profissional que domina Libras) possuem importante papel na inclusão dos surdos ao acesso da informação, mas ainda são poucos e nem todos estão de fato preparados para tratar dos diversos assuntos existentes na sociedade de maneira ética e imparcial (infelizmente ainda
existe muito amadorismo).

Por isso, é importante na hora de escolher um profissional que vai te dar suporte nas traduções,
acompanhar as recomendações das federações www.feneis.org.br e www.febrapils.com.br

Para quem quiser saber um pouco mais sobre a Lei nº13.146/15. Logo no Capítulo I da LBI em seu artigo 3º, inciso V o direito a comunicação é lembrado.

“comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples , escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meio e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações;”

Em outra oportunidade falaremos um pouco mais sobre Cultura Surda e outras portas para inclusão de pessoas com deficiência com a audiodescrição.

Até a próxima coluna!