UGT implanta método de Educação transformadora
UGT e Instituto Paulo Freire capacitam sindicalistas em Curso de Formadores Sindicais. Baseado na pedagogia de Paulo Freire, os educadores sindicais, aprendem de forma teórica e prática a respeitar e valorizar as vivências dos trabalhadores e os saberes coletivos independentes da categoria.
Publicado: 16/06/15
Texto: Regina Ramalho
Fonte: Assessorias de comunicação UGT e Comerciários.
Foto: Edi Sousa e Nalva Lima Studio Artes.
A equipe de jornalismo do Pró Trabalhador foi conversar com o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT) - Nacional, Ricardo Patah, para entender as mundanças do chamado: Sindicalismo Contemporâneo e compreender de que maneira a pedagogia freiriana, desenvolvida por Paulo Freire, um dos mais conceituados educadores no mundo, pode auxiliar nas transformações e implantação das propostas da Central por todo país.
Pró Trabalhador: Qual o papel do movimento sindical contemporâneo?
Ricardo Patah: A UGT é focada em temas sociais fundamentais para o trabalhador. Por exemplo: o nosso trabalho forte, junto aos moradores de rua, que normalmente são tratados como invisíveis junto a sociedade. Além disso, a UGT abraçou uma série de categorias que eram consideradas subalternas por apresentarem maior vulnerabilidade, tais como, as dos trabalhadores terceirizados, varredores de rua, motoboys e os próprios vendedores dos comerciários, entre outros.
Pró Trabalhador: Como é feito este trabalho de valorização das categorias?
Ricardo Patah: UGT conta com dois institutos: O IPROS- Instituto de Promoção Social que realiza seminários nacionais, que auxiliam na instrumentalização e capacitação no interior do país, de pescadores e outros trabalhadores que enfrentam maior vulnerabilidade. Não levando soluções prontas, mas como diz o ditado popular Ensinando a estes trabalhadores a pescar. Fizemos também uma parceria com o Instituto Paulo Freire, porque Freire foi um dos primeiros educadores a trabalhar com os trabalhadores rurais por intermédio da compreensão do mundo das pessoas, para ter na sociedade uma valorização do ser humano, o que nos dá condições de compreender melhor a sociedade e o que está acontecendo e de que maneira isso pode contribuir, por exemplo, para a diminuição ou melhora de situações como esta que estamos vivendo, de crise, desemprego e desvalorização do trabalho.
Pró Trabalhador: A proposta é fazer com que os sindicalistas da UGT sejam multiplicadores da técnica da pedagogia freiriana?
Ricardo Patah: Sim! Nos já formamos três grupos e ainda vamos formar outros mais, e estes sindicalistas tem o papel de afinar a linguagem da UGT em nosso país valorizando a riqueza da nossa diversidade, e o instituto vai ajudar aos formadores e formadoras a canalizarem a compreensão para ultrapassar tanto as questões adversas nacionais como as regionais,. esse processo também buscou apoio no mundo acadêmico, com a colaboração de instituições como a FGV, Unicamp e FAAP, para a construção do pensar filosófico na fundamentação das questões e vencer as barreiras da adversidade e avanços tecnológicos; buscando alternativas para a valorização do trabalho decente.
Para se aprofundar no assunto Educação transformadora o Pró Trabalhador também foi ao Instituto Paulo Freire e conversou com o diretor pedagógico e professor, Paulo Roberto Padilha.
Pró Trabalhador: Professor;. como surgiu e foi recebido o convite da UGT para realização do Curso de Formadores Sindicais?
Paulo Padilha: Temos 25 anos de existência do Instituto Paulo Freire e o convite da UGT para capacitação de educadores sindicais foi muito bem vindo. Começamos com a primeira turma em novembro de 2014 e o curso foi realizado em três grandes módulos teóricos e práticos dentro da perspectiva freiriana. O instituto ajudou a fazer a seleção dos alunos e neste processo pesou a disponibilidade e compromisso na região de atuação do sindicalista. Os formadores e formadoras, representaram suas regiões compartilhando da riqueza e diversidade linguística, cultural e artística de diversos pontos do país.
Pró Trabalhador: Professor, explique para os leitores do Pró Trabalhador de que maneira a pedagogia proposta por Paulo Freire pode contribuir para mudanças?
Paulo Padilha: Educação transformadora, proposta por Freire e estudada e praticada durante o curso, valoriza os saberes de cada região e pessoa, facilitando o que chamamos de Leitura do Mundo. Os formadores perceberam a necessidade de consultar o grupo, conhecer as diversas realidades locais, a necessidade de dialogar com pessoas sobre; como utilizar e ampliar a formação sindical para busca das garantias de direitos, como o direito ao Trabalho decente,por exemplo. Principalmente como dialogar sobre questões que envolvem a riqueza da diversidade gênero, raça, cultura. O respeito as mulheres foi tratado por intermédio de paródias musicais.
Pró Trabalhador: Freire pregava a paz, mas como ter paz sendo oprimido?
Paulo Padilha: A paz passa por um processo de valorização do outro, por uma nova forma de relacionamento entre educador, estudante e sociedade. No curso os formadores participantes exercitaram como falar em público, como planejar a educação de maneira respeitosa ,valorizando a cultura popular e a diversidade. Tomaram consciência da necessidade de continuação da educação a distância, aprenderam como planejar, realizar e avaliar seminários, fóruns, congressos e outros eventos de natureza política pedagógica e foram sensibilizados para a importância da construção de um projeto político pedagógico na UGT.
Entre os formandos, o educador sindical Wanderley Leite de Barros conversou com nossa equipe:
Pró Trabalhador: Como foi esta experiência com a pedagogia freiriana e de que maneira o senhor esta aplicando?
Wanderley Barros: O curso me ajudou muito em minhas atividades, embora já trabalhasse junto aos educadores, a andragogia, isso é o ensino para adultos. Os conhecimentos de Freire que tanto defendeu e trabalhou a necessidade de formar adultos dentro dos círculos de cultura em cima da realidade do indivíduo.
Pró Trabalhador: De que maneira a pedagogia proposta por Freire vai ajudar o movimento sindical?
Wanderley Barros: Os conhecimentos da pedagogia proposta por Freire nos auxilia na leitura do mundo, que possibilita a criação de parâmetros e o desenvolvimento de planejamentos, que aplicados nas bases possam contribuir para a transformação social, por intermédio da educação humanitária.
Após o curso, os formadores e formadoras de diversos pontos do país continuam a trocar experiências, via e-mail, redes sociais, grupos no Whats App e em outros encontros da Central. Como III CONGRESSO NACIONAL DA UGT que começou hoje no Anhembi - São Paulo-SP e vai até a próxima quinta-feira contando com lideranças de todo o país.
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